sábado, 11 de agosto de 2007

Zé Qualquer

O nome dele era Zé, era um garoto feliz, porém ele tinha uma triste rotina, que se repetia todo dia repetitivamente. Ele acordava todo dia às cinco e meia da manhã, tomava seu banho calmamente, e comia o seu pão quente com manteiga. Bebia um copo de leite, e ía para o colégio, no colégio, era sempre a mesma coisa, sempre a mesma rotina, não tinha como fugir, no fim da manhã, Zé pegava um ônibus e ía pra casa, solitário junto com seus pensamentos, gostava de observar as pessoas indo e vindo, e se perguntava se elas também tinham uma rotina, e o que elas faziam todo dia. Quase todo dia, Zé encontrava as mesmas pessoas no ônibus, três pessoas, que deviam ter uma rotina igual a dele. Quando chegava na décima terceira parada, Zé descia do ônibus e andava até a sua casa, que era do outro lado da rua, sempre que chegava no seu prédio, encontrava sempre as mesmas crianças lá brincando, subia tristemente até o seu apartamento, no último andar. Abria a porta, e sentia aquele cheiro de comida, tomava seu banho enquanto a comida esquentava, seu almoço era sempre igual, carne com batatas, arroz e feijão, tomava coca-cola. Ele almoçava olhando para a tv, onde sempre passavam os mesmos programas. Ao término do programa, ía fazer suas tarefas e trabalhos de colégio. Quando terminava tudo, sempre às cinco da tarde, ficava vendo televisão até a hora da janta, e depois ía dormir. Um dia, Zé pensou em mudar a sua rotina, e então acordou às sete e meia da manhã, comeu chocolate com suco no café da manhã, e foi correndo para o colégio, onde chegou na hora do intervalo. Zé não foi para aula alguma, não andou com as mesmas pessoas, nem fez as mesmas coisas. Voltou mais cedo pra casa, e voltou andando, falou com todos na rua, desde as árvores até os cachorros. Não foi pra casa, foi pra praia, onde almoçou um peixe frito com água de coco enquanto olhava o mar. Não viu seus desenhos, nem seus programas preferidos, passou o dia fazendo tudo que nunca fez. De noite, se jogou no mar, feliz e completamente maravilhado com tudo aquilo. Depois disso, nunca mais vi Zé, e no jornal tinha algo escrito como "se procura um Zé Qualquer".
Duuda Calheiros